Descubra quais questões devem ser discutidas nesta data com a psicóloga Luciana Zuzarte.
No Brasil e em Portugal, no dia 26 de julho é comemorado o Dia dos Avós. A escolha desta data nestes países justifica-se em seu cunho religioso: neste dia são comemorados também os dias de Sant’Ana e São Joaquim, avós de Jesus sendo o catolicismo.
A data porém possui uma origem oficial militante: em Portugal, uma mulher (e avó) chamada Ana Elisa de Couto, mais conhecida como dona Aninhas, lutou pela criação de uma data comemorativa aos avós, justificada pela importância desta categoria ao longo das gerações.
A intergeracionalidade se entende pela relação entre pessoas de diferentes gerações, como por exemplo a interação de idosos e pessoas mais jovens, sejam elas adultas, crianças ou adolescentes. Estas relações muitas vezes tendem a ser distanciadas e desestimuladas, carregadas de preconceitos etários e estigmas tanto do lado dos mais velhos quanto dos mais jovens. Por outro lado, é preciso destacar e incentivar as trocas ocorridas entre as gerações, isso porque, se feitas de forma saudável e adequada, podem ser fonte de aprendizado, recuperação de auto-estima, diversão e, principalmente, quebra de preconceitos que levam a desentendimentos, desvalorizações e até violências.

É na relação com o outro que nos atentamos às diferenças etárias. Se por um lado os mais velhos podem oferecer a supervisão, o cuidado, os recursos materiais e financeiros, por outro, os jovens podem auxiliar os idosos com o uso de tecnologias, informações e até em dificuldades físicas. Estes são apenas alguns pontos que podem emergir nestes encontros, além disso a troca de opiniões, visões diferentes de mundo também favorecem a construção de novos saberes e apresentam para as gerações novas formas de se sentirem importantes e necessárias no convívio seja ele familiar ou dentro da sociedade.
O Dia dos Avós é uma data importante para que estas questões sejam abertas e discutidas em nosso meio. As relações intergeracionais ao longo do tempo foram sendo negligenciadas e distanciadas não só no ambiente familiar e doméstico, como nas instituições e equipamentos que categorizam seu público alvo de acordo com a idade de seus membros, ou seja, são espaços exclusivos para jovens ou espaços exclusivos para velhos, dificultando o acesso de diferentes idades em um mesmo meio e limitando as trocas intergeracionais.
Comemorar esta data é marcar a importância dos idosos para o convívio e para a conscientização dos mais novos em relação ao envelhecimento, possibilitando mudar e ampliar o olhar para este processo tão diverso e ao mesmo tempo tão carregado de estigmas. É essencial que políticas e iniciativas intergeracionais socioeducativas sejam incentivadas e ampliadas, uma vez que são medidas proporcionadoras de um melhor convívio em sociedade e também de melhor sensação de bem-estar e qualidade de vida de jovens e idosos.
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Editado por: Maria Beatriz Santos
Referências:
Fratezi, F.R., Lima-Silva, T.B., Santos, G.D.dos, Lima, A.de J., Acquati, F., Neves, G.da S., Jorge, S.R.R., Chubaci, R.Y.S., Gutierrez, B.A.O. & Salmazo-Silva, H. (2012, dezembro). Dia dos Avós: atividades socioeducativas e intergeracionais bem sucedidas. Revista Temática Kairós Gerontologia,15(6), “Vulnerabilidade/Envelhecimento e Velhice: Aspectos Biopsicossociais”, pp. 393-405. Online ISSN 2176-901X. Print ISSN 1516-2567. São Paulo (SP), Brasil: FACHS/NEPE/PEPGG/PUC-SP
FERRIGNO, José Carlos. Atividades culturais e de lazer como estratégia de superação com vistas à construção de uma cultura intergeracional solidária. Orientador: Paulo de Salles Oliveira. 2009. Tese de Doutorado (Doutorado em Psicologia Social) – Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, [S. l.], 2009. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-15042010-154726/publico/ferrigno_do.pdf. Acesso em: 24 jul. 2020.