Carreira e trabalho: A triste geração que virou escrava da carreira

Para refletir sobre trabalho e carreira, neste dia do trabalho, indico um texto que se destaca por ser um espelho da situação que muitos profissionais vivenciam.

No consultório, recebo cada vez mais jovens em busca de psicoterapia ou orientação de carreira por sofrerem com o emprego, seja porque sentem culpa por trabalharem demais e não terem tempo para a própria vida ou, porque se frustraram quando conquistaram aquilo que imaginavam que traria felicidade: ser livre, ter muito conhecimento, ter poder e ter os melhores cargos.

Certa vez, perguntei para um jovem profissional:

“Você diz que alcançou tudo o que gostaria, tudo o que você e seus amigos acham importante: o sucesso. Então por que será que a sensação de vazio e de infelicidade estão sempre presentes?” E a resposta foi: “Cada vez que conquisto algo, me sinto mais poderoso, como se não existisse teto para mim.  Essa sensação de não ter limites e de que eu posso ter tudo o que quero, me faz perceber que o que eu imaginava que traria felicidade e realização na verdade não traz. Sinto uma inquietação e continuo desassossegado sempre buscando algo mais e quando alcanço vem o vazio novamente, como se fosse uma montanha russa sem fim.”

A sensação de vazio e a percepção de perda de tempo têm a ver com a falta de sentido diante daquilo que se conquistou. Muitos jovens escolhem e tomam decisões a partir do que é importante para um grupo, ou para a sua geração – escolhas essas que nem sempre estão conectadas com os valores pessoais e com a própria história de vida. São decisões pautadas pelo o que é ditado socialmente, pela profissão da moda, pelo apelo de consumo e de poder, que nem sempre são fundamentais para o indivíduo e que contribuem para essa sensação de perda de tempo e de tédio.

Portanto, por mais que os jovens tenham alcançado o tão almejado “sucesso” (de acordo com a definição da sua geração), alguns não se sentem realizados, pois correram atrás de objetivos que não faziam sentido para si, que não eram seus propósitos de vida e não tinham a ver com seus valores pessoais.

Descobrir aquilo que é próprio de cada um, o que gostaria de fazer para se realizar (mesmo que seja diferente do que a maioria considera como essencial) pode ser chamado de sonho, loucura ou utopia, mas não pode ser ignorado, pois através deles é possível fazer escolhas mais autênticas e dar sentido ao trabalho.

Como você tem feito suas escolhas na carreira? Seu trabalho está alinhado com seu propósito de vida?

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Abaixo segue o texto da Ruth Manus na íntegra:

A triste geração que virou escrava da própria carreira

E a juventude vai escoando entre os dedos.

Era uma vez uma geração que se achava muito livre.

Tinha pena dos avós, que casaram cedo e nunca viajaram para a Europa.

Tinha pena dos pais, que tiveram que camelar em empreguinhos ingratos e suar muitas camisas para pagar o aluguel, a escola e as viagens em família para pousadas no interior.

Tinha pena de todos os que não falavam inglês fluentemente.

Era uma vez uma geração que crescia quase bilíngue. Depois vinham noções de francês, italiano, espanhol, alemão, mandarim.

Frequentou as melhores escolas.

Entrou nas melhores faculdades.

Passou no processo seletivo dos melhores estágios.

Foram efetivados. Ficaram orgulhosos, com razão.

E veio pós, especialização, mestrado, MBA. Os diplomas foram subindo pelas paredes.

Era uma vez uma geração que aos 20 ganhava o que não precisava. Aos 25 ganhava o que os pais ganharam aos 45. Aos 30 ganhava o que os pais ganharam na vida toda. Aos 35 ganhava o que os pais nunca sonharam ganhar.

Ninguém podia os deter. A experiência crescia diariamente, a carreira era meteórica, a conta bancária estava cada dia mais bonita.

O problema era que o auge estava cada vez mais longe. A meta estava cada vez mais distante. Algo como o burro que persegue a cenoura ou o cão que corre atrás do próprio rabo.

O problema era uma nebulosa na qual já não se podia distinguir o que era meta, o que era sonho, o que era gana, o que era ambição, o que era ganância, o que necessário e o que era vício.

O dinheiro que estava na conta dava para muitas viagens. Dava para visitar aquele amigo querido que estava em Barcelona. Dava para realizar o sonho de conhecer a Tailândia. Dava para voar bem alto.

Mas, sabe como é, né? Prioridades. Acabavam sempre ficando ao invés de sempre ir.

Essa geração tentava se convencer de que podia comprar saúde em caixinhas. Chegava a acreditar que uma hora de corrida podia mesmo compensar todo o dano que fazia diariamente ao próprio corpo.

Aos 20: ibuprofeno. Aos 25: omeprazol. Aos 30: rivotril. Aos 35: stent.

Uma estranha geração que tomava café para ficar acordada e comprimidos para dormir.

Oscilavam entre o sim e o não. Você dá conta? Sim. Cumpre o prazo? Sim. Chega mais cedo? Sim. Sai mais tarde? Sim. Quer se destacar na equipe? Sim.

Mas para a vida, costumava ser não:

Aos 20 eles não conseguiram estudar para as provas da faculdade porque o estágio demandava muito.

Aos 25 eles não foram morar fora porque havia uma perspectiva muito boa de promoção na empresa.

Aos 30 eles não foram no aniversário de um velho amigo porque ficaram até as 2 da manhã no escritório.

Aos 35 eles não viram o filho andar pela primeira vez. Quando chegavam, ele já tinha dormido, quando saíam ele não tinha acordado.

Às vezes, choravam no carro e, descuidadamente começavam a se perguntar se a vida dos pais e dos avós tinha sido mesmo tão ruim como parecia.

Por um instante, chegavam a pensar que talvez uma casinha pequena, um carro popular dividido entre o casal e férias em um hotel fazenda pudessem fazer algum sentido.

Mas não dava mais tempo. Já eram escravos do câmbio automático, do vinho francês, dos resorts, das imagens, das expectativas da empresa, dos olhares curiosos dos “amigos”.

Era uma vez uma geração que se achava muito livre. Afinal tinha conhecimento, tinha poder, tinha os melhores cargos, tinha dinheiro.

Só não tinha controle do próprio tempo.

Só não via que os dias estavam passando.

Só não percebia que a juventude estava escoando entre os dedos e que os bônus do final do ano não comprariam os anos de volta.”

Se você quiser ou precisar de maiores informações sobre orientação profissional e de carreira, entre em contato com a psicóloga e orientadora profissional Agda Mattoso.

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