Descubra como apoiar e cuidar de si mesmo, com a psicóloga Agda Mattoso.
Quando um cônjuge, membro da família ou amigo sofre de algum transtorno mental o seu apoio e encorajamento podem desempenhar um papel importante na recuperação dele. Você pode ajudá-los a lidar com os sintomas depressivos, superar pensamentos negativos e recuperar sua energia, otimismo e prazer da vida. No entanto, a depressão de seu ente querido também pode desgastá-lo, caso você negligencie suas próprias necessidades.
Essas orientações podem te ajudar a apoiar uma pessoa deprimida em sua recuperação e a manter seu próprio equilíbrio emocional.
Como ajudar alguém com depressão
A depressão é um distúrbio sério, mas tratável, que afeta milhões de pessoas, de jovens a idosos e de todas as classes sociais. E no dia-a-dia acaba causando uma tremenda dor, ferindo não apenas os que sofrem com ela, mas também afetando todos ao seu redor.
Se alguém que você ama está deprimido, você pode sentir inúmeras dificuldades emocionais tais como: desamparo, frustração, raiva, medo, culpa e tristeza. Esses sentimentos são normais. Não é fácil lidar com a depressão de um membro da família. E se você não cuidar de si mesmo, isso pode se tornar muito difícil de suportar.
Dito isto, existem passos que você pode tomar para ajudar quem ama. Comece aprendendo sobre o transtorno ou a depressão e em como falar sobre isso com seu familiar. Mas ao se aproximar, não se esqueça de cuidar da sua própria saúde emocional. Pensar em suas próprias necessidades não é um ato de egoísmo – é uma necessidade. Sua força emocional permitirá que você forneça o apoio contínuo que a pessoa da sua família precisa.
Entendendo a depressão
A depressão é uma condição séria. Não subestime a gravidade da depressão. A depressão drena a energia, o otimismo e a motivação de uma pessoa. Seu ente querido deprimido não pode simplesmente “sair dessa” pela pura força de vontade.
Os sintomas da depressão não são pessoais. A depressão torna difícil para uma pessoa se conectar em um nível emocional profundo com qualquer pessoa, até com as pessoas que ela mais ama. Além disso, pessoas deprimidas costumam dizer coisas ofensivas e atacam com raiva. Lembre-se que esta é a depressão falando, não a pessoa que você ama, então tente não levar para o lado pessoal.
Ocultar o problema não o fará desaparecer e não falar sobre não ajudará ninguém. Encobrindo o problema ou mentir para alguém que está deprimido pode impedir a pessoa de procurar tratamento.
Você não pode “consertar” a depressão de outra pessoa. Não tente resgatar seu amado da depressão. Não cabe a você resolver o problema. Você não é culpado pela depressão do seu ente querido ou responsável pela sua felicidade (ou falta dela). Em última análise, a recuperação está nas mãos da pessoa deprimida.
Alguém próximo está deprimido, O que fazer?
Família e amigos são frequentemente os primeiros aliados na luta contra a depressão. Por isso é importante entender os sinais e sintomas da depressão. Você pode notar o problema em um ente querido deprimido antes que ele perceba e sua influência e preocupação podem motivá-los a procurar ajuda.
Fique preocupado se a pessoa querida….
Não parece se importar mais com nada. Perder o interesse por trabalho, sexo, hobbies e outras atividades prazerosas. Preferir se isolar de amigos, familiares e outras atividades sociais.
Expressar uma visão sombria ou negativa da vida. Demonstrar-se triste, irritável, mal-humorado, crítico ou temperamental; falar sobre sentir-se “desamparado” ou “sem esperança”.
Freqüentemente se queixar de dores de cabeça, problemas de estômago e dores nas costas. Ou reclamar de se sentir cansado e esgotado o tempo todo.
Se estiver dormindo menos ou dorme demais que o usual. Tornou-se indeciso, esquecido, desorganizado e parece estar “fora do ar”.
Note se está comendo mais ou menos do que o habitual e se recentemente ganhou ou perdeu peso.
Se está bebendo demais ou abusando de drogas, incluindo pílulas para dormir e analgésicos.
Como falar com alguém sobre depressão
Às vezes é difícil saber o que dizer para um familiar com depressão. Você pode ter receio de levar preocupações e provocar a raiva da pessoa ou ainda, que ela se sinta insultada ou, que suas preocupações sejam ignoradas.
Se você não sabe por onde começar, as sugestões a seguir podem ajudar. Mas lembre-se de que ser um ouvinte compreensivo e empático ajuda muito mais que um que dê conselhos. Lembre-se que você não precisa tentar “consertar” a pessoa, você só tem que ser um bom ouvinte.
“Muitas vezes, o simples ato de conversar com alguém cara a cara pode ser uma enorme ajuda para alguém que sofre de depressão. Incentive a pessoa deprimida a falar sobre seus sentimentos e esteja disposta a ouvir sem julgamento.
Não espere que uma única conversa resolva tudo. Pessoas deprimidas tendem ao afastamento dos outros e ao isolamento. Você pode expressar sua preocupação e vontade de ouvir, demonstre isso com gentileza.
Perguntas que você pode fazer:
“Quando você começou a se sentir assim?”
“Aconteceu alguma coisa que fez você começar a se sentir assim?”
“Como posso te apoiar melhor agora?”
“Você já pensou em conseguir ajuda?”
Lembre-se de ser solidário e encorajar a esperança de quem está sofrendo. Muitas vezes é uma questão de falar com a pessoa em uma linguagem que ela entenderá e responderá enquanto estiver em um estado mental deprimido.
O que você pode dizer para ajudar:
“Você não está sozinho nisso. Estou aqui para te ajudar”.
“Você pode não acreditar agora, mas a maneira como você está se sentindo vai mudar”.
“Eu posso não ser capaz de entender exatamente como você se sente, mas eu me preocupo com você e quero ajudar”.
“Quando você quiser desistir, diga a si mesmo que aguentará apenas mais um dia, uma hora, um minuto”.
“Você é importante para mim. Sua vida é importante para mim”.
“Diga-me o que posso fazer agora para ajudá-lo”.
O que você deve EVITAR de falar:
“Está tudo na sua cabeça”.
“Nós todos passamos por momentos como este”.
“Olhe pelo lado bom”.
“Você tem tanto para viver, por que você quer morrer”?
“Eu não posso fazer nada sobre sua situação”.
“Basta sair dessa”.
“O que você tem”?
“Você não deveria estar melhor agora”?
O risco de suicídio é real. O que fazer em uma situação de crise?
Se você acredita que seu ente querido está em risco imediato de suicídio, NÃO deixe a pessoa sozinha.
Você pode acionar o CVV no telefone 188.
Pode ser difícil acreditar que a pessoa que você conhece e ama considere algo tão drástico quanto o suicídio, mas uma pessoa deprimida pode não ver outra saída. A depressão obscurece o julgamento e distorce o pensamento, fazendo com que a racionalidade da pessoa se dissipe e passe a acreditar que a morte é a única maneira de acabar com a dor que está sentindo.
Sinais de aviso de suicídio
Quando alguém está deprimido, o suicídio é um perigo muito real. É importante conhecer os sinais de aviso:
Falar sobre suicídio, morrer ou ferir a si mesma é uma preocupação com a morte
Expressando sentimentos de desesperança ou auto ódio
Agindo de maneira perigosa ou autodestrutiva
Colocando os assuntos em ordem e dizendo adeus
Procurando por pílulas, armas ou outros objetos letais
Sensação repentina de calma após uma depressão
Prevenção do Suicídio: Como ajudar alguém que é suicida e salvar uma vida
Se você acha que um amigo ou membro da família está pensando em suicídio, fale com sobre suas preocupações o mais rápido possível. Muitas pessoas se sentem desconfortáveis ao abordar o assunto, mas é uma das melhores coisas que você pode fazer por alguém que está pensando em suicídio. Falar abertamente sobre pensamentos e sentimentos suicidas pode salvar a vida de uma pessoa, então fale se estiver preocupado e procure ajuda profissional imediatamente!
Incentive a procura por ajuda
Embora você não consiga controlar a recuperação da pessoa deprimida, você pode incentivá-la a procurar ajuda. Fazer com que a pessoa entre em tratamento pode ser difícil. A depressão provoca perda de energia e motivação, por isso, o ato de marcar uma consulta ou encontrar um médico pode parecer assustador. A depressão também envolve formas negativas de pensar. A pessoa deprimida pode acreditar que para a sua situação não há mais esperanças e nem tratamento.
Por causa desses obstáculos, conseguir que seu ente querido admita o problema – e ajudá-lo a ver que ele pode ser resolvido – é um passo essencial na recuperação da depressão.
Se o seu ente querido resiste a receber ajuda:
Sugira um check-up geral com um médico. Ele pode estar menos ansioso em ver um médico de família do que um profissional de saúde mental. Uma consulta médica regular é, na verdade, uma ótima opção, já que o médico pode descartar causas médicas de depressão. Se o médico diagnostica depressão, ele pode encaminhar seu ente querido para um psiquiatra ou psicólogo. Às vezes, essa opinião “profissional” faz toda a diferença.
Ofereça-se para ajudar seu parente deprimido a encontrar um médico ou terapeuta e acompanhá-lo na primeira consulta. Encontrar o fornecedor de tratamento certo pode ser difícil e, geralmente, é um processo de tentativa e erro. Para uma pessoa deprimida que já está com pouca energia, é uma grande ajuda ter assistência para fazer chamadas e analisar as opções.
Incentive a pessoa a fazer uma lista completa de sintomas e doenças para discutir com o médico. Você pode até mesmo mencionar coisas que você percebeu como um observador externo, como: “Você parece se sentir muito pior no período da manhã” ou “Você sempre sente dores de estômago antes do trabalho”.
Apoiando o tratamento
Uma das coisas mais importantes que você pode fazer para ajudar um parente com depressão é dar o seu amor incondicional e apoio durante todo o processo de tratamento. Isso envolve ser compassivo e paciente, o que nem sempre é fácil, pois é necessário lidar com a negatividade, a hostilidade e o mau humor que andam de mãos dadas com a depressão.
Forneça qualquer assistência que a pessoa necessite (e esteja disposta a aceitar). Ajude seu ente querido a fazer e manter compromissos, pesquisar opções de tratamento e manter-se dentro do cronograma com qualquer tratamento prescrito.
Tenha expectativas realistas. Pode ser frustrante assistir a um amigo deprimido ou a um membro da família lutar, especialmente se o progresso for lento ou estagnado. Ter paciência é importante. Mesmo com tratamento ideal, a recuperação da depressão não acontece da noite para o dia.
Lidere pelo exemplo. Incentive o membro da família a ter um estilo de vida mais saudável e estimulante: mantenha uma perspectiva positiva, coma melhor, evite álcool e drogas, faça exercícios e apóie os outros para obter apoio.
Tratamento Depressão: Terapia, Medicação, e Mudanças de Estilo de Vida
Encoraje a atividade. Convide seu amado para acompanhá-lo em atividades edificantes como ver a um filme engraçado ou jantar em um restaurante favorito. O exercício é especialmente útil, então tente fazer com que seu amado depressivo se mova. Caminhar juntos é uma das opções mais fáceis. Seja gentil e carinhosamente persistente – não desanime ou pare de perguntar.
Ofereça ajuda. Tarefas aparentemente pequenas podem ser difíceis para uma pessoa deprimida gerenciar. Ofereça-se para ajudar com responsabilidades ou tarefas domésticas mas, faça o que for possível para você!
Cuide-se! Temos uma natural disposição para resolver os problemas das pessoas que amamos, mas você não pode controlar a depressão de um ente querido. Você pode, no entanto, controlar o quão bem você se cuida. É tão importante para você se manter saudável quanto para a pessoa deprimida receber tratamento, portanto, priorize seu próprio bem-estar.
Lembre-se do conselho dos comissários de bordo: coloque sua própria máscara de oxigênio antes de ajudar qualquer outra pessoa. Em outras palavras, certifique-se de que sua própria saúde e felicidade sejam sólidas antes de tentar ajudar alguém que está deprimido. Você não fará bem a seu amigo ou membro da família se entrar em colapso sob a pressão de tentar ajudar. Quando suas próprias necessidades forem atendidas, você terá a energia de que precisa para ajudar.
Dicas para cuidar de si
Pense neste momento desafiador como uma maratona; você precisa de sustento extra para continuar. As idéias a seguir podem ajudá-lo a manter sua força ao apoiar seu ente querido através do tratamento e recuperação da depressão.
Fale por si mesmo. Você pode estar hesitante em falar quando a pessoa deprimida em sua vida o incomoda ou o deixa para baixo. No entanto, a comunicação honesta ajudará realmente o relacionamento a longo prazo. Se você está sofrendo em silêncio e deixando o ressentimento crescer, seu ente querido vai perceber essas emoções negativas e se sentir ainda pior. Fale suavemente sobre como você está se sentindo antes que as emoções reprimidas dificultem muito a comunicação entre vocês.
Defina limites. Claro que você quer ajudar, mas há limites para fazer isso. Sua saúde física e mental sofrerá se você sua vida for controlada pela depressão do seu amado. Então, para evitar o desgaste e o ressentimento, estabeleça limites claros sobre o que você está disposto e capaz de fazer. Você não é o terapeuta da pessoa, por isso não assuma essa responsabilidade.
Mantenha sua própria vida nos eixos. Embora algumas mudanças em sua rotina diária sejam inevitáveis ao cuidar do seu amigo ou parente, faça o possível para manter compromissos e planos com outras pessoas e amigos. Se o seu ente querido deprimido não puder ir a uma excursão ou uma viagem que você tenha planejado, peça a um amigo que se junte a você.
Procure apoio. Você não está traindo seu parente deprimido ou amigo, voltando-se para os outros em busca de apoio. Participar de um grupo de apoio, conversar com um conselheiro ou alguém de sua comunidade ou igreja, ou confiar em um amigo de o ajudará a superar esse momento difícil.
Você não precisa entrar em detalhes sobre a depressão de seu ente querido ou revelar confidências; em vez disso, concentre-se em suas emoções e no que está sentindo. Certifique-se de ser totalmente honesto com a pessoa a quem você recorre – escolha alguém que escute sem interrupção e sem julgá-lo.
Você pode agendar uma consulta on-line com a psicóloga Agda Mattoso pelo site da Terapia Clínica SP ou via Whatsapp. Também pode conhecer mais conteúdos como esse aqui no blog!
Fontes: Aliança de Apoio à Depressão e Bipolar e Harvard Medical School.
