Identifique quando os sintomas de tristeza e desânimo não são mais normais para o período de isolamento, com a psicóloga Agda Mattoso.
Cuidar da saúde mental na pandemia, um período marcado por medo, incertezas e instabilidades econômicas e sociais, é importante para o bem-estar diário e para continuar vivendo mesmo diante das transformações do mundo. Essas sempre existiram, mas como vivíamos um período de prosperidade, consumo e de positividade como nunca visto antes, tínhamos a sensação de que controlávamos muitas coisas ao nosso redor e de que tudo daria certo, um dia…
Diante da perda da ilusão de controle e de que a vida pode sucumbir diante de um vírus, acentuam-se as angústia, aumentam as preocupações e o desânimo se abate sobre nós. Tudo isso pode se agravar com o passar dos dias e trazer um clima pesado e sem esperança para a vida das pessoas.
Não só durante a pandemia, mas em outros momentos em que vivemos, é importante ficar atento aos sinais que o corpo, a mente e os sentimentos dão e checar qual é tonalidade afetiva, a cor que você está experimentando em sua vida. Uma delas pode ser a tonalidade depressiva que é caracterizada por afetos como: desânimo, dificuldade para se movimentar, pensamentos de desvalia e perda de prazer pelas coisas que gostava de fazer. E quem nunca, diante da pandemia, sentiu essas sensações? Então, será que ficamos depressivos no isolamento social? Sim, o isolamento social favorece os sentimentos de desânimo e perda de prazer, mas não é por isso que você está deprimido. Uma coisa é sentir tristeza e diminuição de energia e outra é ter um quadro de depressão.
Na pandemia a depressão pode ser identificada se a tristeza, o desânimo e a falta de prazer forem constantes, por mais de 3 semanas e se dificultarem ou impedirem as atividades da vida cotidiana. Nesse caso é importante buscar ajuda profissional para avaliar o quadro e começar o tratamento, se houver necessidade.
Já em casos de desânimo, tristeza, angústia, tédio e tantos outros sentimentos que podem aparecer no isolamento o que pode ajudar é:
- Diferenciar o que se sente (experimente fazer um diário das emoções);
- Conversar com alguém que confie e expressar o que tem sentido;
- Conversar consigo mesmo, numa tentativa de se apoiar, com compaixão e sem ser um juiz mordaz de si.
Esses são passos de autoconhecimento importantes e podem ajudar na mudança da tonalidade afetiva. Lembrando que é através dela que interpretamos o que acontece ao nosso redor, como se fosse uma lente. Assim, se a sua lente está obscurecida é assim que você enxergará o que a vida te apresenta.
Quais atividades e práticas são recomendadas para quem está com sintomas de ansiedade nesse período?
A ansiedade é uma resposta de sobrevivência, que nos prepara para a luta ou fuga e com isso a humanidade conseguiu chegar até onde estamos. Então, vamos fazer uma distinção importante: quando pessoas dizem que se sentem mais ansiosas, na pandemia, isso tem a ver com as condições de vida que mudaram nesse período e a ansiedade é a tentativa de adaptação para sobreviver nessa situação. Entretanto, isso não significa que estão com um transtorno de ansiedade, um quadro que só pode ser diagnosticado por profissionais.
Assim, lidar com o aumento da sensação de agitação e preocupação, que é o que a maioria das pessoas chama de ansiedade, requerer cuidados cotidianos quanto à saúde mental. A OMS recomenda cuidado ao buscar a fatos e informações sobre a pandemia, como reservar só alguns minutos do dia para ver notícias sobre, praticar atividades que ajudam a relaxar: leituras, filmes, jogos (online com os familiares e amigos), praticar um hobby ou descobrir uma atividade física. “O importante mesmo é fazer uma poupança de bem-estar, se engajando em atividades que tragam algum prazer ou relaxamento”, aconselha a psicóloga.
Porém, as pessoas que apresentam transtornos de humor como ansiedade e depressão, podem apresentar maior sofrimento durante o isolamento social. Por isso, é importante dar continuidade ao tratamento e acompanhamento que já estão fazendo e não abrir mão deles.

Como ajudar alguém que está sozinho e isolado
As pessoas em isolamento total e prolongado, como vemos acontecer com muitos idosos, precisam manter contato social frequente. Pois, é na relação com o outro que temos a chance de mudarmos a tonalidade afetiva, a lente com a qual enxergamos o mundo. Na pandemia é possível fazer contato diário usando as videochamadas, ligando algumas vezes aos dias para saber como a pessoa em isolamento está e, principalmente se interessando verdadeiramente em saber dela.
“A maioria de nós gosta mais de falar do que ouvir, mas para ajudar alguém em confinamento o mais importante é ouvir. Querer saber como está se sentindo e o que está pensando. Só conhecendo como ela está interpretando a situação é que se pode dar uma palavra de apoio e de conforto. Entrar em contato com alguém com um monte de assuntos já pensados e frases prontas não ajudará”, afirma Agda.
Depois de apoiar e acolher os sentimentos, pode ser interessante criar junto com ela uma atividade de passatempo que possam fazer por vídeo ou telefone, isso diminui a solidão e ajuda no fortalecimento dos laços afetivos e sociais entre vocês.
Métodos ou plataformas on-line que auxiliem pessoas depressivas
Há vários aplicativos de apoio e desenvolvimento de hábitos mentais saudáveis, assim como grupos de apoio e de mensagens nas redes sociais: facebook, instagram, telegram e etc.
Mas, é importante frisar que se alguém sente tristeza, desânimo e desprazer recorrente e há mais de 3 semanas o melhor é buscar ajuda profissional para avaliação do humor e iniciar o acompanhamento terapêutico.

Para mais dicas como essas fique atento aos conteúdos do nosso blog! Além disso, você pode agendar um horário on-line com a psicóloga Agda Mattoso no site da Terapia Clínica SP ou fazer contato direto pelo Whatsapp.
Escrito por: Agda Mattoso
Editado por: Maria Beatriz Santos
Contato: (11) 96426-9450