Você já deve ter ouvido a famosa frase de um dos primeiros filósofos gregos, Heráclito de Éfeso, que viveu há mais de 2500 anos:
“Tu não podes tomar banho duas vezes no mesmo rio, pois aquelas águas já terão passado e também tu já não serás mais o mesmo”.
Nela, Heráclito exalta que tanto as situações como as pessoas mudam e que a única coisa que é permanente é a mudança. Ou seja, as transformações acontecem em nossas vidas inevitavelmente e nos tiram da zona de conforto sem nos consultar. Esse pensamento é muito atual e o vivenciamos no dia-a-dia com as constantes inovações que estão em todos os campos da sociedade. Porém, apesar das mudanças serem presentes e, em alguns momentos as desejarmos, na maior parte do tempo ignoramos a fluidez do rio da vida e nadamos exaustivamente contra a maré para controlar as transições que estão por vir. E quais são as consequências disso?
Tentar manter o controle sobre pessoas e situações só aumenta o sofrimento.
Nadar contra a maré causa uma canseira danada e exige muito esforço físico e mental. Isso também acontece na vida quando tentamos reverter algo através do controle, algo que pode ser pior do que ser flexível para enfrentar a situação de outras formas. Tanto ao enfrentar o fluxo das águas, como ao enfrentar as incertezas da vida há que se analisar qual o momento de controlar, de parar de resistir e de dar outros sentidos para o que está em transformação.
Há uma relação muita complexa entre controle, mudanças e sofrimento nos relacionamentos interpessoais. Muitos de nós já caiu na cilada de tentar controlar as pessoas amadas e sofrer muito com as decisões que elas tomaram, quando eram diferentes daquilo que gostaríamos. No momento que o ser amado muda e passa a agir de uma maneira diferente, nos sentimos inseguros e até mesmo frustrados. Na tentativa de sofrer menos e colocar “as coisas no lugar” novamente, tentamos controlar e prever o comportamento da pessoas para não corrermos o risco de perder o amor dela.
Assim, desconsideramos a complexidade das relações e outros fatores desconhecidos que estão envolvidos nas decisões pessoais e, não nos abrimos para o diálogo e a compreensão do ponto de vista da outra pessoa. Algumas consequências disso são mais decepções e frustrações, decorrentes da pouca abertura para revisar as expectativas que depositamos nas pessoas amadas e, até o fim do amor e o término da relação, seja ela afetiva, de amizade ou entre familiares.
Atitudes essenciais para lidar com as mudanças e cultivar melhores relações.
Por isso, é que o filósofo francês Sartre diz que “o inferno são os outros” no sentido de que os outros não se comportam como gostaríamos ou como prevíamos. Para nos ajudar a compreender melhor que não controlamos os outros, que o amor flui entre as pessoas e que a vida é permeada, constantemente, por mudanças e transições é que a psicoterapia existencial entra em campo. Ela nos auxilia a encarar a incerteza intrínseca da condição humana e como podemos lidar com as transformações de forma mais leve. Numa perspectiva existencial não podemos controlar totalmente nossas vidas e nem as dos outros, mas podemos decidir como encarar as mudanças e as limitações e frustrações que nos acompanham.
Um modo de encarar as mudanças é descobrir o significado de uma determinada experiência ao invés de resistir a ela e, se perguntar “O que é que eu posso fazer com esta situação? Em que é que esta situação me desafia?”. Assim você se deparará com ações que pode ter diante da situação e isso te transformará, assim como a situação também. Ou seja, dentre tantas formas de entender as relações e o afeto, a psicoterapia existencial nos possibilita entender que amar é como carregar um punhado de areia na mão. Se segurarmos demais a areia (se tentarmos controlar o outros) ela escorrerá rapidamente por entre os dedos (e o amor acaba se esvaziando).
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Espero que tenha gostado. Sou Agda Mattoso e podemos conversar mais: